O fato de lecionar em um município colonizado por imigrantes alemães não
desestimula a professora Guadalupe da Silva Vieira. Ela faz questão de abordar,
com os alunos, aspectos relacionados à cultura negra. Essa atitude, adotada
desde 2005, resultou na criação do projeto Contos Africanos e seu Universo
Mágico: Literário e Artístico, premiado na sexta edição do Prêmio Professores do
Brasil.
O projeto foi desenvolvido em 2012, com duas turmas do terceiro ano do ensino
fundamental da Escola Municipal Maria Edila da Silva Schmidt, no município
gaúcho de São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre. Para o
desenvolvimento das atividades, a professora montou um acervo em sala de aula
com 70 livros relacionados à cultura afro-brasileira e à negritude.
O trabalho contou com a exploração da escrita e da leitura relacionados ao
conteúdo. A professora também elaborou determinados desafios, para resolução em
casa. Para isso, os alunos poderiam contar com a ajuda de pessoas da comunidade.
“Os temas abordados no projeto foram permeados por assuntos relativos à
religiosidade, que ainda enfrenta muitos preconceitos e não aceitação”, diz
Guadalupe.
Segundo a professora, todos os temas foram muito trabalhados. Na dança, por
exemplo, os alunos aprenderam o significado de cada gesto e movimento. “Eles
sabiam o que estavam fazendo para poder passar adiante e multiplicar esses
saberes", destaca. Guadalupe trabalhou de forma integrada com professores da
educação de jovens e adultos e dos programas Mais Educação e Escola Aberta, do
Ministério da Educação. Buscou ainda a participação de pessoas negras da
comunidade em algumas atividades.
Com os estudantes, a professora criou um musical sobre os livros que eles
mais gostaram de ler. Em conjunto, a partir de obras como A Princesa Violeta, de
Veralinda Menezes, foram pensados e sugeridos os temas a serem adotados. O
musical deu certo e ultrapassou os limites da escola. Além de ser apresentado em
outras unidades de ensino do município, foi mostrado na Sociedade Orpheu,
tradicional clube da região, fundado em 1858 para “enobrecer o canto alemão” e
promover a vida sociável e harmoniosa dos imigrantes germânicos.
Segundo Guadalupe, os resultados obtidos com o desenvolvimento do projeto
foram positivos não só para os alunos e para a escola, mas também para a
comunidade carente de Rio dos Sinos, bairro no qual a escola está inserida.
“Como diz Leci Brandão, em sua música Anjos da Guarda, é na sala de aula que se
transforma o cidadão e é na sala de aula que se muda uma nação”, enfatiza a
professora. “É na base que nós vamos mudar”, ressalta. “Mesmo que haja alguns
percalços, pois isso faz parte da vida, temos de ir em frente e acreditar que é
possível transformar a sociedade.”
Há 24 anos no magistério, Guadalupe é graduada em artes, com pós-graduação em
psicopedagogia e em arte-educação – linguagens contemporâneas. (Fátima
Schenini)
Fonte:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.html?idConteudo=2679
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Que bom vc estar com a gente!Obrigado(a)pelo comentário